quinta-feira, 18 de março de 2010

CLARO E ESCURO


Theodor Adorno (1903/1969)


"Mas enquanto o pessimismo de Adorno é filosófico, o seu conteúdo filosófico é nulo. Adorno opõe-se conscientemente à clareza. Menciona algures, de modo aprovador, o facto de o filósofo alemão Max Scheler ter pedido mais escuridão (mehr Dunkel), numa alusão às últimas palavras de Goethe que pedia mais luz (mehr Licht).

"O Mito do Contexto" (Karl Popper)


Quanto a Marx, Popper diz que não sendo sempre "particularmente fácil de entender", "envida sempre os maiores esforços para ser compreensível, pois tem algo a dizer e quer que as pessoas o compreendam".

Detestando o jargão hegeliano, entende-se por que o autor da "Miséria do Historicismo" não suporta um filósofo como Adorno. Mas poder-se-á afirmar que alguns dos mais profundos e enigmáticos dos poetas, ou um filósofo como Heráclito, conhecido pelo "Obscuro", não tenham nada a dizer ou não queiram ser compreendidos?

É preciso ver que a clareza pode ser mais um véu de Maia. Aliás, era Lagneau que dizia que a compreensão se faz "clarium per obscurius".

É o aparentemente indecifrável que revela, nunca o óbvio.

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