"A Inveja" de Giotto
Andrée é a melhor amiga de Albertine, no romance de Proust. É uma personagem fascinante, capaz de nos fazer compreender os paradoxos de algumas pessoas que todos conhecemos. Nenhum tratado de psicologia nos podia dar essa visão penetrante que dissipa os cúmulos misteriosos da complexidade humana.
A generosidade de Andrée é real e pode parecer às vezes abnegação. Não é o animal astucioso e saudável que a sua amiga nos dá a ideia de ser. Esta, não sofreria por não ser por ela que a felicidade dos outros vem. Porque Andrée pode ter todas as qualidades, mas não é desinteressada. Só que o seu interesse é apenas de opinião. Ela precisa de ser confirmada na sua virtude e rói-se por dentro se não for ela a causa da alegria dos outros.
O seu desprendimento aparente, a sua devoção aos amigos não são os indícios duma alma verdadeiramente generosa só porque nunca se esquece dessa sua reivindicação fundamental. A sua virtude, embora eficaz, não é pura.
Andrée seria destinada por Dante ao segundo socalco do Purgatório: o da inveja.
1 comentários:
Uma cortesã da virtude, portanto.
Maria Helena
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