sábado, 13 de março de 2010

DANÇA GUERREIRA




"Os italianos da Idade Média e da Renascença eram incapazes de unidade, de ordem e de administração; eles não se batiam senão por procuração; por meio de mercenários, e a guerra era concebida de tal maneira que Maquiavel cita uma campanha de verão, no decurso duma guerra conduzida por Florença, durante a qual não houve nenhum morto nem nenhum ferido, quer num lado quer no outro."

"Écrits historiques et politiques" (Simone Weil)


No momento em que uma guerra sem mortos nem feridos foi possível, a Itália apareceu aos olhos de Simone Weil, pelo seu espírito, como verdadeiramente a herdeira da Grécia. A Itália dividida (mas sem o fantasma da unidade) explica em grande parte o milagre duma guerra como aquela. A igualdade das forças pode ser tão óbvia que a contenda se torne injustificável, se a razão prevalecer ( o que é muito facilitado quando os combatentes não são susceptíveis de serem arrebatados por sentimentos patrióticos, como era o caso dos mercenários). No entanto, os exércitos apresentaram-se um ao outro e executaram uma espécie de dança guerreira. É para isso que servem as paradas militares dos tempos modernos. Comparar os músculos pode prolongar a paz e isso é sempre bom.

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