quarta-feira, 19 de agosto de 2009

O HEMICICLO DESLIZANTE


Winston Churchill (1874/1965)


"Como de costume, as razões de Churchill eram interessantes e baseadas em amplos princípios. Ele explicou que era por favorecer o sistema de governo de partidos (contra aquilo a que chamava o sistema de 'grupo'). Numa câmara semicircular, explicou, 'é fácil para um indivíduo mover-se através dessas insensíveis gradações da esquerda à direita, mas o acto de atravessar o chão (duma câmara rectangular) é um acto que requer séria consideração."

"Cleopatra's nose" (Daniel Boorstin)


Tal como viu Descartes no seu profundo "Tratado das Paixões", é quase sempre o inferior que explica o superior. A fisiologia que esclarece a moral. Para lidar com as nossas paixões, o filósofo começa por expurgá-las da imaginação e guiá-las como se fossem simplesmente forças.

Em defesa do velho edifício do parlamento londrino, Churchill invoca um argumento que nos alerta para o que se poderia chamar de política dos espaços, para a função da arquitectura que não é apenas uma técnica e uma arte de construção, mas um sistema persuasivo.

Será que o hemiciclo corrompe a regra da distinção dos partidos? Podíamos então dizer que a famosa "promiscuidade" dos corredores se prepara no salão nobre.

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