A "Revolução Cultural" de 1967
"No caso do milagre económico chinês, não se tratou realmente de privatização. O que importava não era quem possuía as empresas, mas que estas fossem forçadas a competir num mercado relativamente livre, baixando o poder da escassez e trazendo a informação e os incentivos do mundo da verdade."
"The Undercover Economist" (Tim Harford)
"'O mundo da verdade' é um mundo onde os mercados são completos, livres e competitivos. Na realidade é tão provável alcançar um mundo com mercados completos, livres e competitivos, quanto os advogados de sucesso começarem a dizer a verdade a toda a gente." (ibidem)
Harford compara um mercado perfeito a um super-computador que calculasse todos os ajustes necessários e fosse capaz até de prever os nossos desejos. Estamos longe dessa utopia tecnocrática e nem sequer estamos certos de se quereríamos viver numa sociedade com esse grau de eficiência.
A informação necessária para construir um modelo que tentasse "descrever o desenho, a engenharia, a ecologia e a economia não seria mais simples do que a própria realidade e portanto nada acrescentaria ao nosso conhecimento."
O que a China conseguiu depois da reconstrução dos anos 50, quando dramaticamente se começou a pôr o problema da falta de informação para os investimentos e para a política económica do governo, foi mais do que uma reedição da NEP, porquanto o "passo atrás" defendido por Lenine não correspondeu a uma reformulação da doutrina e teve a vida curta que se esperava.
Na medida em que, como diz o autor, importava mais a concorrência entre as empresas nacionais e locais e entre estas e as estrangeiras do que a questão da propriedade, este país parece oferecer-nos o exemplo duma ditadura "esclarecida", ao serviço do desenvolvimento do país.
Mas sabemos que as ditaduras, mesmo as da América Latina, não são incompatíveis com o desenvolvimento. O problema é que os erros duma ditadura não ensinam ninguém, senão depois de se bater no fundo, como se viu com o despotismo, também "esclarecido", de Mao Tse Tung com o "Grande Salto em Frente" e a "Revolução Cultural".
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