Peter Sloterdijk
"Faz parte da natureza da questão que os esforços para recuperar a tomada da razão e da vivacidade, com o decorrer do tempo, se vão restringindo cada vez mais ao indivíduo. Deste modo, a psicoterapêutica moderna obteve resultados extraordinários nas suas tentativas para renormalizar indivíduos isolados. Pelo contrário, no que diz respeito à terapêutica política, já desde o terreur da Revolução Francesa, e ainda mais desde a derrocada dos tratamentos sistemáticos comunistas, reina uma reserva a nível mundial que se assemelha extraordinariamente à resignação."
"O Estranhamento do Mundo" (Peter Sloterdijk)
Esta é também a problemática do Homem Novo que desde o Iluminismo persegue as nossas consciências, réplica distante de uma certa Boa Nova.
Mas, de facto, não há motivo para regozijos. O optimismo que ouvi há dias definir como a principal característica da esquerda (contra o pessimismo ou o realismo da direita) parece não receber dos factos nenhum encorajamento. E quanto mais o fato é novo, mais o corpo se sente constrangido, apesar de toda a boa vontade do alfaiate. Em tempos de informalidade, tanto zelo pelo nosso bem assemelha-se demasiado à violência.
Por outro lado, não há factos que possam vencer a ideia altruísta, porque se o egoísmo e o individualismo são a inclinação mais forte, por isso mesmo se condenam.
Pior do que uma utopia "realizada" só uma sociedade em que o homem perdeu toda a capacidade de se transcender. Não há como sair da mística.
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