terça-feira, 25 de agosto de 2009

CONVERSA SEM ASPAS



Estou sentado numa esplanada e oiço uma conversa entre amigos. Não os conheço, são apenas pessoas que passam um quarto de hora juntas, a ver o espectáculo da praia e a tomar uma bebida.

É espantoso como o nosso juízo depende de darmos ou não alguma dimensão às pessoas porque as conhecemos muito ou pouco, são familiares ou amigos, por exemplo, ou de as colocarmos num plano de completa indiferença, segundo um conceito.

No primeiro caso, tudo o que se diz tem aspas e nunca quer dizer só o que parece. Há uma profundidade que se furta ao olhar, mas que já sondámos num ou noutro ponto.

No outro caso, é uma conversa oca e banal, que nos admira ter ainda uma função e não descair no puro aborrecimento.

Se nos lembramos que está ali, talvez, a única transcendência que podemos conhecer...

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