sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A MÁQUINA DE ESCREVER


http://www.pseudo-sciences.org/IMG/jpg/271Psychanalyse.jpg


"Estes dois termos (libido e eros) não têm a mesma história, mas apesar disso, tendo em consideração a época presente, podem comparar-se. Quando a psicanálise (porque uma época que foge da profundidade intelectual só pode saber com espanto que possui uma psicologia das profundezas) começou a tornar-se uma filosofia na moda e veio romper a monotonia da vida burguesa, tudo se explicou pela libido, ao ponto de, em última análise, ser tão difícil de dizer desta chave (ou falsa chave) o que ela poderia ou não poderia ser."

"L'Homme sans Qualités" (Robert Musil)


Parece que esta profundidade nada tem de elaborado ou de particularmente misterioso, pois seria, de facto, uma superfície próxima mas separada por um véu que nos escondesse o mais trivial dos espectáculos. Afinal nem se trata de psicologia, mas de fisiologia e instinto.

Se não fosse o número ventríloquo do psicanalista, nem seria possível contar a partir disso uma história. Mas o emprego do mito grego no contexto moderno deu à nova "ciência" as suas "lettres de noblesse" e abriu o inconsciente à escrita.

Serão os símbolos, além do resto, máquinas de escrever?

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