sábado, 1 de agosto de 2009

A FORÇA DO MEIO


Guy Aldonce de Dufort Duc de Lorges (1630/1702)


"Não se pode exprimir a surpresa, o alívio, a alegria do Senhor de Lorges. Monsenhor de Meaux tinha-lhe fielmente escondido que andava a instruir o Senhor de Turenne, desde havia muito tempo, e ao Senhor de Turenne o que fazia com o Senhor de Lorges. Muito pouco tempo depois, a conversão do Senhor de Turennes rebentou. A delicadeza do Senhor de Lorges não lhe permitiu declarar-se tão cedo; o respeito pelas pessoas conteve-o ainda durante cinco ou seis meses, no receio que o julgassem arrastado pelo exemplo dum homem dum tal peso ao qual tantos laços o uniam."

"Mémoires" (Saint-Simon)


O marechal de Lorges era sobrinho de Turennes. Ambos professavam a religião reformada. "Passou metade da sua vida sem desconfiar que pudessem estar enganados e praticando exactamente a sua religião. Mas à força de a praticar, as reflexões vieram, depois as dúvidas." A influência de Bossuet, depois bispo de Meaux, foi determinante para esta conversão, no fundo, há muito desejada e apenas adiada pelos preconceitos familiares.

Em homens tão ligados à corte de Luís XIV, o protestantismo era quase uma falta de educação e, sem dúvida, viria a ser um obstáculo ao favor do rei, depois que Lorges, "sem nenhum património", perdeu a protecção do tio, atingido por uma bala de canhão na guerra franco-holandesa.

Com isto não se sugere qualquer tipo de oportunismo, mas a força do meio para nos convencer que tomamos as decisões certas.

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