"Inspirados no trabalho de Antonio Gramsci, os teóricos pós-marxistas Ernesto LaClan e Chantal Mouffe oferecem uma alternativa à noção de Marx de classe fixa e duma consciência unificada. Como explicam em 'Hegemony and Socialist Strategy: Towards a Radical Democratic Politics', a classe não está ligada aos meios de produção ou às condições sócio-económicas, mas é antes o resultado do discurso e da prática hegemónicos."
"Outing The Marlboro Man" (Teresita Garza)
É simplificar demasiado a ideia marxista e ignorar as mediações implícitas no conceito de "última instância". É claro que Marx não pretendeu que as condições sócio-económicas determinassem directa e automaticamente a consciência de classe, nem que esta se encontrava unificada. Devemos, antes, atribuir esse pensamento primário ao chamado "marxismo vulgar".
No fundo, o que a autora do ensaio diz é que a classe se impõe através da ideologia que "naturaliza" a sua hegemonia.
Essa teoria é, porém, incapaz de explicar o novo tipo de discurso e de prática hegemónica num contexto de aceleração tecnológica. Podia dizer-se que ambos, discurso e prática, se tornaram de certo modo independentes de qualquer classe caracterizada por um corpo de valores e uma tradição.
As diferenças, mesmo extremas, existem, notoriamente, mas é como se já não solicitassem uma ideologia defensiva. É um processo semelhante ao da dessublimação sexual. O oportunismo é, assim, a única ideologia.
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