"Nada"
"Tu próprio deves ter o rosto do Bodhidharma para o ver. Um só relance bastará. Mas se dizes que o encontraste, então nunca o vistes."
(comentário de Mumon em "The Gateless Gate")
Diz um outro koan que no mesmo instante em que falamos duma coisa falhamos o alvo. Não devemos recorrer à linguagem se queremos ter a "experiência directa".
Tudo quanto acreditamos no Ocidente é desfeito por este pensamento. A separação do corpo e do espírito, o domínio das paixões, tudo isso é atingido por uma via estranha ao cânone grego ou judeo-cristão. Nós temos de fazer para desfazer. Concentrar a realidade no indivíduo para a jogar no fracasso das nossas ilusões.
O Oriente do Zen não é fanático (como o de Pessoa), pois começa por onde nós acabamos, desfazendo. É, em todos os sentidos, uma dieta de baixo teor calórico. A negação deste espírito não tem nada de dialéctico. Parte-se do princípio que a vida é ilusão. Mas a ilusão é para nós uma bênção dos deuses. Só a rejeitamos quando não nos podemos iludir, nem, do mesmo passo, agir.
A acção é o que nos separa do outro "hemisfério".
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