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"Não é do mercado enquanto instituição da economia no interior da sociedade que é questão, na circunstância, mas verdadeiramente duma sociedade de mercado (…). É a uma verdadeira interiorização do modelo de mercado que estamos em vias de assistir – um acontecimento de consequências antropológicas incalculáveis, que mal se começam a entrever (…). É a constituição íntima das pessoas que ela contribui para remodelar. Do dever do desinteresse que definia o homem público à tácita injunção de se alinhar pelo seu próprio interesse, o passo é imenso, e as consequências prometem ser pesadas."
"La Réligion dans la démocratie" (Marcel Gauchet, citado por Olivier Rey)
O "passo imenso", como uma revolução silenciosa, não precisou de qualquer aparato militar nem duma proclamação urbi et orbe. Se interiorizámos tão rapidamente o espírito de competição próprio duma instituição económica como modelo da relação entre os homens, foi porque todos os dogmas e preconceitos que se poderiam opor a essa reconversão pareciam isso mesmo: dogmas e preconceitos.
À falta dum enraizamento cultural que a terraplanagem do "criticismo" mediático transformou em campo aberto a qualquer sementeira, todas as ideias se valem, e o instinto de imitação aliado ao "horror do vazio" torna-nos vulneráveis a essa ideologia difusa da "sociedade de mercado".
É por isso, já que não estamos a falar, na verdade, de economia, que os economistas são os novos feiticeiros.
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