quarta-feira, 2 de junho de 2010

A HEGEMONIA NEGATIVA



"Se um grupo detentor do poder perpetua a ideia de que o seu poder é natural, aceitável e preferível – especialmente se tais ideias são aceites pelos desapossados do poder – diríamos que esse grupo tem hegemonia. A hegemonia é criada e perpetuada por uma retórica do senso comum, uma retórica do natural."

"Uncovering hidden rhetorics" (Barry Brummett)


Bem, devemos também admitir que existe uma hegemonia de facto, apesar do poder do grupo que a exerce não ser considerado natural, nem aceitável, nem preferível. Mas, nesse caso, claro que a retórica deverá ser outra: a da mudança permanente, da mobilidade geral e da precariedade de todos os vínculos, mais complexa do que o simples "struggle for life", de sabor darwiniano.

O sistema em que vivemos parece-se muito com isso, e esse sistema só sobrevive às suas enormes tensões e aos seus desconcertantes paradoxos graças a uma superior engenharia de tubos de escape, que vão desde o jogo do consumismo, com a sua cláusula de permanente frustração, às explosões controladas do "social".

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