terça-feira, 8 de junho de 2010

A ÉTICA RECLINADA


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As nuvens adensam-se sobre o futuro da educação. Apesar da "levée de boucliers" contra o "eduquês" e o behaviourismo duma maçonaria sem rosto, todos os dias nos assaltam novos motivos de preocupação. Mas não é o sinal de que isso é, para essas luminárias, uma coisa tão óbvia, um tal imperativo dos tempos, que faz de quem se lhes opõe outros "velhos do Restelo"?

João Lopes dizia no "De Rerum Natura" que a imagem da escola (lúdica) se deteriora aos olhos dos próprios alunos "levando-os a apresentar comportamentos que não são de esperar naquele contexto, embora o pudessem ser em contextos de diversão ou de tempos livres."

Depois do "salto de ano" para gáudio da preguiça e desfeita dos que trabalham, agora é a famigerada Parque Escolar a querer revolucionar o ensino através da arquitectura (mas cabe a uma empresa um desígnio desses?). A coberto de palavras como modernização, flexibilidade e descentramento, a ideia é modelar o aluno novo (sequela do falido homem novo) e injectar a partir do ambiente a motivação para brincar, já que o ensino a sério foi condenado pelo "progresso" da nova pedagogia ( e lá se foram os autoritários estrados dos professores e chega a plena informalidade propícia, ao que parece, à vontade de aprender).

Faz-me lembrar aqueles anúncios de ginástica passiva ou os de musculação sem esforço, em que o candidato a um tórax apolíneo só tem que deixar a máquina levantar os pesos por ele.

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