segunda-feira, 14 de junho de 2010

O BEZERRO DE OIRO



"Começando nos anos 80, contudo, um novo tipo de Cristandade evangélica começou a ver o problema das classes dum modo muito diferente. A Teologia da Prosperidade (Prosperity Theology), também conhecida por uma variedade de nomes – World of Faith, Health and Wealth, Name It and Claim It – enfatizou a generosidade de Deus nesta vida e a capacidade dos seus seguidores experienciarem essa generosidade através da acumulação de riqueza e das posses materiais. Muitos neste movimento observaram que um Deus que te ama não quer que abras falência. Um tema consistente na Teologia da Prosperidade é o de que se és rico deves ser favorecido por Deus."

"Class Morality" (Luke Winslow)


As classes são um problema que causa má-consciência aos Americanos. Segundo a sua mitologia, uma sociedade em que qualquer cidadão, por mais humilde que seja a sua origem, pode chegar a ser presidente da nação, é uma sociedade sem classes.

O desconforto vem não duma maior desigualdade (que sempre foi grande), mas duma crescente percepção pública desse facto.

A tese deste ensaio é a de que há toda uma retórica tendente a confundir a moral com o estatuto de classe. Sem nunca se abordar directamente o problema político, defende-se que a riqueza e o sucesso material, na medida em que são uma graça divina, são mais morais do que a pobreza e o insucesso.

É a ideia de Max Weber, com a sua ética protestante que teria estado na génese do desenvolvimento do capitalismo.

Mas não podem restar dúvidas que a ética do sucesso não é senão a actualização da passagem bíblica do Bezerro de Oiro, o que, afinal, está na ordem natural das coisas. Não se pode esperar que o espírito duma religião se tenha refugiado na retórica.

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