"O eng. José Sócrates, como é sabido e lamentado, anda por esse mundo a pedinchar dinheiro para Portugal. Começou com farroncas de 'modernizador' e acabou caixeiro-viajante da nossa miséria."
Vasco Pulido Valente (Público de 6/6/2010)
VPV tem o condão de pegar a coisa sempre pelo lado mais feio, a prestar-se à sátira e ao seu gosto pela verrina.
É claro que um indiferente poderia fazer a justiça de reconhecer que o país precisa de oportunidades de exportação, mesmo que se tenha de distinguir as relações entre estados das relações com pessoas "mal educadas e repelentes". Tampouco discutiria que a vontade de modernizar não é independente das condições internas e externas, as quais, se não mudaram em meia-dúzia de dias, sempre fizeram sentir o seu peso ( não basta querer, e isso até se pode conceder ao engenheiro, mas é verdade que o simplismo também não é o melhor caminho).
Sabe-se, porém, que as palavras permitem tudo, com justiça ou sem ela. O que trai o bilioso é passar da sátira anti-socrática para o verdadeiro e inesgotável objecto que é a idiossincrasia nacional: "o português, coitado, assiste ao espectáculo caladinho e quieto, porque tem um longo hábito do vexame e porque a experiência histórica já o ensinou que a cavalo dado não se olha o dente."
Com os "300 mil" da manifestação do fim-de-semana passado e com o cada vez maior número de inimigos políticos do engenheiro Sócrates, o menos que se pode dizer é que VPV vive no país da retórica e que, felizmente para quem gosta de o ler, o seu estilo só tem a ganhar com isso.
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