"Soleil levant" (Claude Monet)
"A nossa vaidade, as nossas paixões, o nosso espírito de imitação, a nossa inteligência abstracta, os nossos hábitos estão em actividade há muito tempo e a tarefa da arte é desfazer essa actividade, fazendo-nos recuar na direcção de onde viemos para as profundezas onde o que existiu verdadeiramente permanece desconhecido entre nós."
(Marcel Proust, citado por Alain de Botton)
O impressionismo esclarece muito do método proustiano, porque a forma como o romancista descreve as suas personagens procura manter-se "fiel à confusão inicial, pintando uma impressão visual antes de esta ser anulada por aquilo que ele sabe" (Alain de Botton, falando daquela escola).
Não há dúvida que "desfazer" o trabalho do espírito para ir ao encontro da primeira impressão é também, dum certo modo, anular a personalidade e alcançar o começo do mundo, o que faz jus à opinião de que, nos grandes artistas, é o impessoal que conta.
Mas para Proust, esse começo do mundo é o próprio passado, sobretudo a idade da "confusão inicial", cujas impressões a nossa personalidade, despoticamente, chamou à sua corte ou exilou para sempre.
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