sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

ASTÚCIA HEGELIANA



"Embora daqui resulte uma dialéctica da razão, uma vez que, pelo que respeita à vontade, a liberdade que a esta se atribui parece estar em contradição com a necessidade natural, e nesta encruzilhada a razão, sob o ponto de vista especulativo, acha o caminho da necessidade natural muito mais plano e praticável do que o da liberdade, no entanto, sob o ponto de vista prático, o caminho de pé posto da liberdade é o único por que é possível fazer uso da razão nas nossas acções e omissões; pelo que será impossível à mais subtil filosofia como à razão humana mais vulgar eliminar a liberdade com argumentos sofísticos."

"Fundamentação da Metafísica dos Costumes" (Emmanuel Kant)


Isto é, se formos dados à contemplação, a questão da liberdade não se coloca, visto que deixamos que a necessidade natural ou a causalidade social façam o seu caminho, realmente, no "melhor dos mundos possíveis". É quando agimos (ou deixamos de agir) que se impõe a ideia da liberdade.

Mas Kant diz que esse "é o único caminho por que é possível fazer uso da razão". Se não pressupusermos a liberdade, o uso da razão será simplesmente impossível. Daqui segue-se que a própria existência da razão não se poderia explicar se não fôssemos livres.

… Ou que é sempre possível o uso da razão como logro. O que é de certa forma sugerido pela expressão hegeliana de "astúcia da razão".

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