quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

JOVENS E VELHOS


Aristóteles e Homero (Rembrandt)


"Pelo contrário, na educação, temos sempre que lidar com pessoas que não podem ainda ser admitidas na política e na igualdade porquanto estão em vias de se preparar para isso. O exemplo de Aristóteles tem, no entanto, todo o sentido, porque é verdade que a necessidade de 'autoridade' é mais plausível e evidente na criação da criança e na educação do que em qualquer outra parte. Eis por que é tão característico do nosso tempo querer extirpar até esta forma extremamente limitada e politicamente sem importância de autoridade."

"La crise de la culture" (Hannah Arendt)


Arendt chama a atenção para a impropriedade da explicação aristotélica para a diferença entre dirigentes e dirigidos que ele deriva da diferença natural entre jovens e velhos que é uma relação pedagógica "por essência".

Contudo, é essa ideia que está por detrás de algumas formas de paternalismo recorrentes na política contemporânea, através de noções como partido-vanguarda, timoneiro ou grande educador.

Na política, a autoridade só poderia ter curso se, a exemplo dos Romanos, reconhecêssemos ter alguma coisa a aprender com os antepassados, os "maiores", por definição. Mas sem isso, o modelo da educação só serve para esconder a vontade de dominar ("Qu'est ce que l'autorité?").

Entre iguais, a autoridade é sempre problemática. E o que a nossa época tem de novo é que os jovens, mesmo os mais jovens, encontraram na tecnologia um acesso rápido a uma espécie de igualdade que põe em causa a própria relação pedagógica.

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