terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

DADA



"Não mais pintores, literaturas, músicos, escultores, religiões, republicanos, realistas, imperialistas, anarquistas, bolcheviques, políticos, proletários, democratas, burgueses, aristocratas, exércitos, polícia, pátrias, enfim chega de todas estas imbecilidades. Mais nada, mais nada, nada, nada, nada, nada. Desta maneira, esperamos que a novidade, que será a mesma coisa que aquilo que não queremos, se imporá menos apodrecida, menos egoísta, menos mercantil, menos obtusa, menos imensamente grotesca. Vivam as concubinas e os concubistas. Todos os membros do movimento Dada são presidentes."

"1º Manifesto do Movimento Dada"


Entre 1916 e 1921 deu-se a crise Dada. A cacofonia tomou a palavra contra tudo e contra todos. A arte procurou escapar aos dogmas estéticos e aos hábitos em que se instalaram conceitos como o de beleza e de perfeição. Appolinaire proclama a busca da fealdade e Ribemont-Dessaignes o seu fraco pelo "barroco, o ridículo, o baixo, o grosseiro, o desequilibrado, o imprevisto ou o informe".

O valor que o espontâneo, o não-pensado adquirem no Dada explica todo o surrealismo que se lhe há-de seguir, com a ideia do inconsciente como lugar da criação.

Esta crise não tem importância senão como sinal dos tempos. Já se ouve o canto do cisne de Weimar e a futura traição dos intelectuais é anunciada pelo niilismo na arte.

O problema é que os sinais são sempre retrospectivos. Coisas tão distantes dos problemas reais como o dadaísmo ocupam hoje a intelligentzia e a classe política, mas pertence aos historiadores saber se a decadência já começou.

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