Faulkner em Paris
"O passado nunca está morto. Ele nem sequer é passado."
William Faulkner
Mas que espécie de influência sobre o nosso presente e sobre a nossa vida é essa? Comte dizia que os mortos governam os vivos. Devemos entendê-lo metaforicamente, porque, de facto, não se trata de governo, nem sequer de gouvernail (leme). É mais o que a continuação deve a um começo que connosco recomeça. Nós e todas as coisas em tempos diferentes, mas os mesmos.
Conhecemos da literatura e do cinema ( e da psicologia, certamente) o tema do "regresso do passado", que é sempre vingativo, como quando o morto não foi enterrado ou não se lhe fez justiça. Mas essa é a anomalia do passado que, então, tem uma existência separada do tempo. Cada um de nós é a prova que o passado é agora e de que somos o nosso próprio passado.
Na mitologia grega, Cronos, a personificação do Tempo, devora os filhos à nascença para, segundo a profecia, não ser por eles destronado, como ele destronou Uranos. Se somos "filhos" do que fomos, o mito traduz bem a situação, porque se podia dizer que "castrámos" o passado e o aprisionámos no Tártaro, e é em vão que "devoramos" o futuro, porque o haveremos de devolver com o emético de Zeus.
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