quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O QUE SÓ EU POSSO FAZER


La Varende, Jean de: Louis XIV

"Na relação com o outro que ele ainda não interpretou, esta presença para si mesmo é de imediato desfeita pelo outro. O sujeito, o famoso sujeito que repousa sobre si próprio, é derrubado por outrem, por uma exigência ou uma acusação sem palavra e à qual não posso responder por palavras, mas cuja responsabilidade não posso recusar. A posição do sujeito é já a sua deposição."

"Dieu, la Morte et le Temps" (Emmanuel Lévinas)


O Eu parece estar no começo e no fim de tudo, mas "pela história, pode saber o que era antes dele."

Como aquele monarca que julgava poder confundir-se com o Estado (mas estava, de facto, na mão de médicos, confessores e amantes), o Eu pode julgar-se livre mesmo antes de encontrar alguém.

Mas Lévinas diz que só podemos ser livres depois desse encontro, depois de termos de responder por nós. "A liberdade aqui será pensada como a possibilidade de fazer aquilo que ninguém poderá fazer em meu lugar".

A ligação com a necessidade (de sermos o que somos) é evidente. E a brincadeira, tão comum entre os homens, de não podermos ser substituídos em certas emergências vitais, só reforça essa ligação.

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