Robert Schumann (1810/1856)
"Quando alguém me pergunta como é que se pode ter um sentido intenso que não se compreende, só do lado da música podemos procurar uma resposta. É por isso que me lembro sempre duma anedota muito importante de Schumann, que é duma importância crucial para o meu ensino. Ele acabava de tocar um estudo muito difícil e um dos seus estudantes perguntou se ele o podia explicar. "Sim", disse Schumann, e voltou a tocá-lo. Para mim, é capital."
(George Steiner, entrevista a Ronald Sharp)
Porque tudo o que excede a nossa "modesta paisagem" (e isso é o infinito) tem que ter um sentido para nós, mesmo quando não o podemos explicar.
A resposta de Schumann está à altura da sabedoria oriental e da resposta paradoxal que ali o discípulo sempre recebe do mestre. Vai ao encontro também da ciência mais avançada. Como diz H. Pagels, a única simulação possível, para lá duma dada complexidade, é a própria realidade que se quer simular.
A música, para Steiner, é o que não se pode traduzir e que é, ao mesmo tempo, um laço com a transcendência: "Sim, ela não se pode parafrasear nem metafrasear. Qual é o sentido? Por que é que sabemos o que a música quer dizer? Que queremos dizer pelo "seu sentido"?
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