Émil Cioran (1911/1995)
Cioran cita o caso dum antropólogo que, pelos seus contactos com uma tribo de pigmeus, foi desprezado pelas tribos vizinhas.
E acrescenta que não foram os primitivos que inventaram a tolerância, mas os "civilizados". "Por que é que eles a inventaram? Porque estavam em vias de perecer... Não foi a tolerância que os enfraqueceu, foi a sua fraqueza, a sua desfalecente vitalidade que os tornou tolerantes."
Se eu disser que este discurso é, hoje, politicamente incorrecto, estou a conferir-lhe a qualidade moral da coragem e do desassombro, por se reconhecer que desafia um preconceito.
Mas é só devido à superstição de que podemos pensar sem preconceitos que o relativismo tem o domínio que tem na nossa cultura.
Portanto, e sobre o exemplo dessas tribos que se consideravam superiores aos pigmeus, devemos apenas dizer que a tolerância é um melhor preconceito, embora muito menos enérgico do que o seu contrário.
Mas já todos sabemos onde nos pode levar o culto da vida e a vontade do poder.
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