quinta-feira, 22 de junho de 2006

EVA E A LUTA DE CLASSES



"Mademoiselle Julie - Alguma estiveste apaixonado?

Jean - Não é uma palavra que utilizemos, embora muitas raparigas me tenham agradado, e uma vez tenha até ficado doente por não conseguir o que queria. Doente, compreende, como aqueles príncipes nas "Mil e uma Noites", que não podiam comer nem beber, por amor."


"Mademoiselle Julie", a celebrada peça de August Strindberg deixou, é claro, de ser actual.

Ninguém se revê nesta sociedade de classes moribunda, em que, pelo sortilégio duma noite de verão, a menina nobre, depois de ter seduzido um criado cínico, só se consegue salvar pelo suicídio.

Strindberg descobre infalivelmente por detrás do anjo feminino, a ménade com víboras por cabelos.

Com isso talvez queira dar continuidade ao desastre do Paraíso. O pecado de Eva não seria apenas original, mas de todos os tempos.

Continuamos fora da actualidade.

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