Arronches (José Ames)
Como o Torii, o pórtico japonês, em forma de letra pi, à entrada dos templos shintoístas, assim é a abertura para algumas herdades do Alentejo.
A certa altura, na paisagem da charneca e dos olivais, dois pilares caiados, com uma faixa amarela ou azul, parecem fechar o espaço e criar um vácuo onde se desenrola o caminho para a casa no monte.
A história do latifúndio, das lutas sociais, deixou de se ouvir, perdida no aluvião do silêncio que uma brisa, como um jovem potro à solta, ou a ladainha das cigarras não perturbam.
Depois das estradas desertas, dos campos a perder de vista, sem vivalma, o pórtico já não separa o dentro e o fora. Tudo é espelho, e o Torii não é mais do que moldura.
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