terça-feira, 27 de junho de 2006

O PISCAR DE OLHO DE CLEOPATRA


Elisabeth Taylor

Um dos fiascos comerciais mais retumbantes do cinema foi "Cleópatra", de Joseph L. Mankievicz.

O genial cineasta de "All about Eve" perdeu de algum modo o pé nesta reconstituição histórica à Cecil B. de Mille.

O tempo dramático afunda-se na voragem dum Egipto cenográfico em que os números (em todos os sentidos) para arrebatar o espectador são a norma.

O momento mais kitsch é talvez o piscar de olho de Elisabeth Taylor a Rex Harrison, que me faz lembrar uma crítica (injusta) que li aquando da estreia: só faltava ao actor levantar o sapato para riscar um fósforo, como no faroeste.

Mas um autor destes deixa sempre a sua marca. As cenas do assassinato no Senado e do discurso fúnebre de António passam como uma visão, numa mímica acelerada, que remete o conhecedor para o filme de 1953, "Júlio César", inspirado na peça shakespeareana.

Com o paradoxal efeito do momento mais histórico do filme perder toda a realidade face à trama do amor fatal.

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