quinta-feira, 29 de junho de 2006

OS PAIS


Ulisses e o Ciclope

"Quem és? Onde é a tua cidade? Quem são os teus pais?"

"A Odisseia" (Homero)

Destas perguntas que Os Gregos faziam a um estrangeiro, que o porqueiro de Ítaca dirige a um Ulisses disfarçado, hoje, só provavelmente a segunda teria sentido.

A nacionalidade é o que nos parece mais pertinente. Se não estivermos no serviço de fronteiras, contentar-nos-emos com o nome e o apelido, mas nunca chegaremos a um metafísico quem és?

A essa pergunta, Rodolfo, em "La Bohème", responde a si próprio com o que faz: "sono un poeta".

O que nunca seria relevante era a identidade dos pais.

E aí está uma diferença incomensurável entre as duas culturas.

O culto dos antepassados era a essência da tradição e da autoridade.

Invocar o nome da família era assumir uma herança e a responsabilidade que lhe estava associada.

O indivíduo não tinha ainda descolado para o céu artificial.

0 comentários: