Ulisses e o Ciclope
"Quem és? Onde é a tua cidade? Quem são os teus pais?"
"A Odisseia" (Homero)
Destas perguntas que Os Gregos faziam a um estrangeiro, que o porqueiro de Ítaca dirige a um Ulisses disfarçado, hoje, só provavelmente a segunda teria sentido.
A nacionalidade é o que nos parece mais pertinente. Se não estivermos no serviço de fronteiras, contentar-nos-emos com o nome e o apelido, mas nunca chegaremos a um metafísico quem és?
A essa pergunta, Rodolfo, em "La Bohème", responde a si próprio com o que faz: "sono un poeta".
O que nunca seria relevante era a identidade dos pais.
E aí está uma diferença incomensurável entre as duas culturas.
O culto dos antepassados era a essência da tradição e da autoridade.
Invocar o nome da família era assumir uma herança e a responsabilidade que lhe estava associada.
O indivíduo não tinha ainda descolado para o céu artificial.
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