quinta-feira, 22 de junho de 2006

ATRAVÉS DOS RELÂMPAGOS



Um filme como o "Espelho"(1974), de Andrei Tarkowski, é um objecto polimorfo que não nos permite compará-lo com nada, a não ser com outra "colagem".

Não podemos dizer que ideia existe por detrás do filme, para lá das metáforas autobiográficas e da sua não-narratividade. A mãe pode ter duas idades e ser mais do que uma personagem. O documentário da guerra irrompe fora duma economia visível.

Mas está lá a natureza poética, em que o vento e o espaço jogam um papel tão sugestivo. O mistério.

Aderi, por isso, como através dos relâmpagos.

Sei que Tarkowski andou muito tempo às voltas com este "puzzle", até o atingir um sentido.

Por aí, talvez o "Espelho" seja o mais secreto e intransmissível dos seus filmes.

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