O profeta Isaías (Miguel Ângelo)
"Só as mulheres, as mães, sabem o que é o verbo esperar. O género masculino não tem constância nem corpo para hospedar esperas. Sinto de novo a agravante de ignorar fisicamente a voz do verbo esperar. Não por impaciência, mas por falta de capacidade: nem mesmo durante as febres de malária me acontecia recorrer ao repertório das fantasias de me curar, de estar à espera de."
"Caroço de azeitona" (Erri de Luca)
Aqui está uma daquelas diferenças que é "correcto" ignorar, em nome da teoria dos direitos.
O homem também espera, mas nada tem para essa esperança além do espírito. Porque "quem tem no seu corpo os recursos para conceber esperas" sabe o que é esperar Deus como Isaías esperou: "Felizes aqueles que o esperam." (Is. 30,18)
A esperança entranhada não tem nada de abstracto ou de ideal. A metáfora da terra é a que melhor dá conta disso. Vê-se (sente-se) crescer. Enquanto o homem espera como se espera no Inverno, sem sinais.
A aproximação que faz Erri de Luca entre a espera religiosa, entre os Hebreus, e a maternidade é mediada pelo simbolismo da terra: "Para a antiga escritura trabalhar a terra e servir a terra são a mesma palavra, a mesma solicitude que é devida ao sagrado." (ibidem)
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