quinta-feira, 15 de julho de 2010

A COMÉDIA HUMANA


"Le Carrosse d'or" (1952-Jean Renoir)


"- E não pode o príncipe arranjar-lhe um marido?

- Ele, na verdade, arranjou-lhe um tenente, mas ela não quer ouvir falar sequer em ninguém abaixo do posto de major."

"Mémoires" (Casanova)


A amante do príncipe Charles de Biron, filho mais novo do Duque de Courtland, Cavaleiro da Ordem de S. Alexandre Newski, tem do que é devido a um príncipe uma ideia mais "exigente" do que ele. Admitamos que nisso seja movida menos pelo sentido das conveniências do que pelo interesse próprio. Por outro lado, tornar as coisas mais difíceis, permite-lhe continuar com o augusto amante por quem, talvez, se tenha deveras afeiçoado.

Há uma maneira cínica de ver esta situação que degrada todas as personagens e que se resume na própria anedota contada por Casanova.

Mas, este mundo visto à altura com que Tati filmou aquelas cúbicas divisórias em "Playtime" não tem uma verdadeira hierarquia. São apenas comediantes. Lembram-se em "Le Carrosse d'or", o nobre libertando-se da peruca diante de Ana Magnani?

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