"O turista vai atrás da caricatura; agentes de viagem em casa e balcões de turismo no estrangeiro só têm que agradecer. O turista é raro gostar do autêntico (para ele muitas vezes ininteligível) produto da cultura estrangeira; prefere as suas próprias expectativas provincianas."
"The Image" (Daniel Boorstin)
O "star system" inventado pelo famoso Baedeker (de Karl Baedeker, 1801/1859, o guia que andava nas mãos de Miss Honeychurch em "A room with a view") e depois imitado por todos os guias de viagem transformou a aventura, o encontro com o desconhecido numa espécie de marcação de ponto, um previsível "rally-paper" com passagens obrigatórias e o imprescindível registo hoteleiro e fotográfico que atestam a realidade da deslocação.
"O turista americano no Japão procura menos o que é japonês do que o ajaponesado. Ele quer acreditar que as gueixas são apenas estranhas prostitutas orientais; é-lhe quase impossível imaginar que possa ser qualquer outra coisa. No final de contas, ele não gastou todo aquele dinheiro nem fez todo esse percurso para fazerem dele parvo." (ibidem)
Este espírito mais depressa se desiludiria com uma experiência verdadeira do que é o Japão do que com algo um pouco aquém do cliché.
A verdade é que se vai ao encontro do que já se sabe (os mitos sobre certos lugares "fabulosos" ou envoltos em "mistério"). E o que sobra de autêntico na experiência do turista é o "azar", aquilo que de todo em todo não pode ser previsto nem programado. "Deliverance" (1972 – John Boorman) mostra como isso acontece.
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