terça-feira, 20 de julho de 2010

AS TRÊS NOITES DE EVA


The lady Eve


Em “The Lady Eve” (Preston Sturges-1941), há duas ideias. Uma é que no amor há sempre um leigo e uma especialista. A mulher vê, de muito longe, os caminhos da ingenuidade masculina. Qualquer que seja o artifício, o chamado sexo forte nada lhe pode ocultar do seu desejo e da sua fraqueza.

Tinha que ser assim, uma vez que Eva está associada à malícia da serpente, de quem se tornou aliada e nunca vítima inconsciente.

Ao lado deste ser prismático e complexo, o ofiologista encarnado por Henry Fonda faz a pobre figura dum especialista inculto que ignora tudo dos símbolos e das várias metamorfoses reptilianas.

A outra ideia é a de que se pode sempre abrir os olhos a um néscio, dando-lhe precisamente aquilo que ele mais deseja.

Barbara Stanwick dedica-se ao jogo em alto mar, seduzindo os ricaços e singrando na batota. Henry apaixona-se por esta outra serpente, mas não aguenta a revelação do seu pouco ortodoxo modo de vida.

Para se vingar (ou atingir os seus fins), Barbara volta a aparecer-lhe, disfarçada em lady, com “british accent” e tudo. Mas ai! do pobre Henry! Na própria noite de núpcias, o caro ofídio-fêmea sente-se no dever de confessar-lhe os ininterruptos casos amorosos, a ponto do infeliz ter de fugir do comboio a meio da noite, para se meter no primeiro transatlântico, onde, naturalmente, cai nos braços da nossa corsária, cuja desonestidade subitamente é nada ( comparada com a infidelidade da sua sósia).

Atrás de mim virá, quem de mim bom fará.

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