"(…) e tu próprio sabes que os homens mais poderosos e os mais consideráveis dentro dos Estados têm vergonha de escrever discursos e de deixar escritos, com receio de passarem por sofistas junto da posteridade."
"Fedro" (Platão)
A ideia de ganhar uma fama justa e de deixar um nome para os que vierem a seguir é uma espécie de imortalidade que a nossa época troca, de bom grado, pela celebridade de um minuto na televisão. E isto por puro bom senso, visto que não acredita numa memória mais longa, nem em que o indivíduo deva viver uma vida exemplar, em vez de viver a sua própria vida como a coisa mais original que existe.
O desprestígio dos sofistas diz muito sobre um povo "tagarela" que levou a arte da palavra a alturas nunca vistas antes nem depois. Com ele, o nosso cérebro experimentou uma revolução da linguagem.
Os nossos políticos não têm já que temer o parecerem-se com os sofistas no que escrevem ou deixam escrito. Pois toda a arte política precisa do sofisma. Escrever sobre a política, sem ser para deixar um nome, ou para levar a sofística a outro plano é raro. Tão raro como haver corcundas que não sejam inteligentes (Casanova dixit).
0 comentários:
Enviar um comentário