"O declínio de Roma foi o efeito natural e inevitável da imoderada grandeza. A prosperidade amadurece o princípio da decadência; a causa da destruição multiplica-se com a extensão da conquista; e logo que o tempo ou os acontecimentos removeram os seus suportes artificiais, a estupenda construção cedeu à pressão do seu próprio peso. A história da ruína é simples e óbvia: e em vez de nos perguntarmos por que foi o Império Romano destruído, deveríamos antes surpreender-nos com o facto de ter durado tanto tempo."
(Edward Gibbon)
A ideia de Gibbon não é intuitiva e tinha antecedentes nalguns mitos da Antiguidade e, mais precisamente, no conceito de hubrys, o excesso que perde deuses e homens.
Roma põe isso em causa ao prolongar a sua existência para além da perda das suas virtudes (as da República).
A moderna ideia do progresso permite-nos hoje imaginar uma nação que em vez de sucumbir à sua hubrys, faça dela a própria força que a leva a alcançar estádios superiores de cultura e desenvolvimento.
Mas Hubrys foi o sub-título que Ian Kershaw deu à sua famosa biografia de Hitler, e nada parece mais adequado como exemplo da auto-destruição do que a Alemanha que ele descreve.
O século XX enterrou aquela ideia do progresso. Depois disso, entrámos naquilo que Gibbon diz que nos deveria surpreender: o facto do Império (ou o Progresso) se sobreviver a si mesmo.
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