domingo, 18 de julho de 2010

CELEBRIDADES



"Um cartoon do 'New Yorker' deu-nos o espírito da coisa. Um pai e o seu jovem filho saem do cinema onde acabavam de ver 'The Spirit of St. Louis'. 'Se toda a gente pensava que aquilo que ele fez era tão maravilhoso' pergunta o rapaz ao pai, 'como é que ele nunca se tornou famoso?"

"The Image" (Daniel Boorstin)


O filme, com James Stewart, relata a história de Charles Lindberg, que foi uma espécie de herói nacional, ao atravessar sem escala o Atlântico, em 1927, no seu avião mono-motor.

"O 'New Yorker', um modelo de sobriedade jornalística, dedicou-lhe a totalidade das suas primeiras cinco páginas", e durante os quinze anos seguintes, Lindbergh nunca deixou de merecer a atenção da imprensa, primeiro, com o rapto do filho, que apaixonou a América e depois com as suas desastradas incursões na política. Mas a seguir, a estrela desapareceu como se nunca tivesse chegado a existir.

Para Boorstin, é isso que caracteriza as celebridades, a de serem, pleonasticamente, famosas durante um tempo. Quanto à raça inspiradora dos heróis, sofreu o destino dos Neanderthal e não pode servir, como as celebridades, de espelho da nossa nulidade.

O rapazinho vivia como a maioria de nós no presente apenas, o que é viver fora do tempo pensado. Um facto tão revelador dos costumes do seu país e da maneira de pensar das pessoas era para ele tão desconhecido que podia passar por espontâneo e pela própria natureza das coisas. A maquinaria da celebridade " multiplica e amplia a nossa própria sombra." (ibidem)

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