"O irracional não é o que antes de toda a racionalidade se oferece como pletora da diversidade. O momento decisivo não é o da visibilidade e da impossibilidade de domínio teórico, da queda na pletora, senão o da exclusão que nunca abranda no seu avanço de particularidades e singularizações a partir da forma e o vazio potenciado das mesmas."
"Estudos sobre Mística Medieval" (Martin Heidegger)
Exclusão é a palavra-chave. Não há objecto nem objectividade porque não há forma geral em que a essência do objecto se determine. Há apenas proliferação de formas que não se estruturam e que não deixam a aranha da razão tecer a sua teia.
Qual é a diferença entre isto e o que Heidegger chama de pletora? Podemos pensar numa ilha onde brilha a ordem no meio do caos. Mas, precisamente, se existe um ponto de apoio para a razão, o caos deixou de existir, para dar lugar a uma "imagem". Ele só surge como algo que não se domina teoricamente muito mais tarde, quando a razão extrai da imagem o particular.
Claro que nada disto nos diz algo sobre a "realidade". E Heidegger, perseguindo a experiência primordial e a mística autêntica, nunca sai da linguagem.
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