Alain (Émile Chartier: 1868/1951)
Se a filosofia pode inovar, ou se é preciso começar sempre do princípio.
Por um preconceito oitocentista, sempre vivo, pensa-se em termos de progresso, também na história das ideias. Quem vem a seguir deverá pensar a partir das últimas posições, como se faz na ciência, para levá-la a um desenvolvimento e a uma especialização mais avançados. Mas porque a ciência não tem de pensar os seus fundamentos, só temos um Einstein e a sua obsessão estética, tão ao arrepio da ideia dum progresso imanente, de cem em cem anos.
Alain não acreditava que fosse possível compreender qualquer filosofia através da crítica, que é pô-la em questão à luz da actualidade. Uma ideia só se compreende no seu lugar e tempo, o mesmo é dizer que todas têm um modo de ser verdadeiras. Nesse sentido, não se pode inovar em filosofia e Alain interpreta a história do pensamento filosófico não como uma série que vai do simples ao complexo ( como a história das ciências, em Comte), mas como uma constelação, em que cada astro tem a sua justiça incontestável, desde que se entre no seu regime, e cujo conjunto se aproxima da ideia duma unidade do espírito.
Assim, Alain não se destacou por ter criado um novo e efémero sistema, mas por ter reencontrado o espírito da filosofia, pensando-a na sua história como um todo.
Por isso, nunca há-de ser um filósofo na moda.
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