Daniel Boorstin (1914/2004)
Vivemos num mundo de ilusões que nos ocultam o real porque, nas palavras de Daniel Boorstin, temos "extravagantes expectativas":
"Esperamos qualquer coisa e tudo. Esperamos o contraditório e o impossível. Esperamos carros compactos que sejam espaçosos; carros luxuosos, mas económicos. Esperamos ser ricos e caridosos, poderosos e compassivos, activos e reflectidos, amáveis e competitivos. Esperamos inspirar-nos em apelos medíocres à 'excelência', tornarmo-nos 'literatos' através de iliteratos apelos à literacia. Esperamos comer e mantermo-nos magros, estar constantemente em movimento e cultivar a boa vizinhança, ir a uma 'igreja da nossa escolha' e sentirmo-nos guiados pelo seu poder, venerar Deus e sermos Deus."
"The Image" (Daniel Boorstin)
Boorstin fala dos seus compatriotas, mas quem não reconhece naquelas contradições os efeitos do choque duma mesma cultura individualista com os valores dum tempo em que o colectivo era a norma?
Sem dúvida que o "cimento" que tornava a sociedade possível não deu lugar à simples desagregação dos "átomos" sociais. Coisas que definimos através de conceitos como rede, sistema, mercado ou imagem, são o cimento muito mais subtil que nos obriga a fazer certas escolhas em vez de outras.
Embora as palavras não tivessem mudado, significam hoje uma outra realidade, e a anterior denotação torna-se uma espécie de bússola em território desconhecido.
Muitas das nossas discussões são sobre civilizações perdidas.
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