domingo, 25 de abril de 2010

SELVA DENTRO


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"E esta quietude não se parecia de todo com a paz. Era a quietude duma força implacável remoendo uma intenção inescrutável.

(…) Quando se tem que atender a coisas dessa espécie, a meros incidentes da superfície, a realidade – a realidade, digo-to eu – desaparece. A verdade interior está escondida – felizmente, felizmente. Mas eu sentia-a à mesma; sentia muitas vezes a sua misteriosa quietude observando-me nas minhas artes de símio."

"Heart of Darkness" (Joseph Conrad)


Neste passo, a selva envolvente, rio acima, em demanda de Kurtz, não se distingue da verdade interior, também ela escondida e "remoendo uma intenção inescrutável". A loucura de Kurtz ganha, assim, o carácter duma metástase que não distingue o interior do exterior.

Todas as febres que atacam o intruso "civilizado" decompõem em primeiro lugar a sua razão, os móbiles da vontade misturam-se ao intrincado das lianas e das raízes que a terra não pode conter.

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