"Émile Durkheim (1858/1917) diz que os rituais oferecem aos membros uma representação do grupo, mostrando o grupo a si mesmo, numa forma concreta, dando-lhe um nome e um corpo. Os rituais, indirectamente, é a própria sociedade que honram, como fonte de todo o sentido. Sem o reconhecimento directo e a celebração dos laços entre as pessoas, estiolam-se os sentimentos de alegre solidariedade, e uma sociedade saudável desmorona-se."
"Avoiding Politics" (Nina Eliasoph)
Quase só pensamos nos rituais na sua acepção negativa, como algo que se repete por obrigação, perfunctoriamente. Mas há um tempo de maturação que transforma as novas formas de expressão colectiva, de real comunhão, em armações que só os interesses parecem alimentar.
É o que sucede com as datas simbólicas. Não precisamos de pensar nos jovens que "não estiveram" no 25 de Abril, para quem a efeméride significa quase só um dia sem aulas.
O ritual é a única coisa que ainda consegue erguer uma espécie de monumento, à medida que os que viveram esses momentos mais exaltantes formam cada vez menos uma comunidade.
No caso do ensaio de Eliasoph, ela diz que a adesão daqueles americanos às quermesses e aos bailes de província, quase todos financiados pelo comércio local ou pela indústria do entretenimento, é enganadora quanto ao seu espírito. As pessoas, de facto, aderem mais a uma prática do que a uma teoria (os rituais, inclusive, "tornam confortável a ausência de conversação") e simulam uma comunidade que, na realidade, não existe.
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