sábado, 17 de abril de 2010

O OBSERVADOR CONTAGIADO


Soren Kierkegaard


"Em geral todas as emoções humanas profundas desarmam no homem o observador que nele possa haver. Querer observar só acontece quando em vez de tais emoções se encontra um vazio ou quando alguma coquetaria as encobre. Testemunhando-se o acto de um homem que reza com toda a sua alma, quem poderia ser inumano ao ponto de ficar a observá-lo friamente, quem não se sentiria antes invadido por uma emanação do fervor desse indivíduo posto em oração?"

"A Repetição" (Soren Kierkegaard)


Há um tipo de repetição que não faz observadores nem provoca empatia. Os que trabalham num hospital público sabem o que isso é. Nem que quisessem, não poderiam emocionar-se e manterem-se úteis ao mesmo tempo.

É, por exemplo, o espectador normal da televisão um observador ou há qualquer coisa no espectáculo que frustra o carácter activo da observação?

O homem de que fala Kierkegaard que, sem precaução, se deixaria "invadir" pelo exemplo da religiosidade dum outro é difícil de encontrar num meio que considera a religião uma questão de escolha pessoal.

Mas é necessário qualquer coisa de parecido com a caridade cristã para que a observação – palavra aqui mal aplicada – não se transforme num juízo.

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