terça-feira, 27 de abril de 2010

DEMARCAÇÃO


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"A comum oposição entre direita e esquerda deriva, argumenta Luhmann, da Revolução Francesa, em que 'os representantes radicais de princípios revolucionários foram identificados como a esquerda' e 'as tendências moderadas, senão restauradoras, foram vistas como a direita'. Desde a Revolução Francesa, a oposição esquerda/direita foi capaz de providenciar uma 'orientação esquemática' para os partidos políticos e os votantes. A ulterior codificação de governo/oposição como ala esquerda/ala direita ou conservadora/progressista é assim uma útil disposição semântica que torna possível a 'transformação de temas em programas de tomada de decisão, e permite que assuntos díspares sejam selectivamente endereçados sob diferentes opiniões dentro do sistema.'"

"Niklas Luhmann's Theory of Politics and Law" (Michael King and Chris Thornhill)


Quando se procura compreender a política dum ponto de vista funcional, tomando como objecto o sistema dos partidos, deixamos, evidentemente, muita coisa pelo caminho. Posso até estar de acordo que a divisão entre a esquerda e a direita facilita as tomadas de decisão, embora, assim, tenhamos de completamente prescindir da ética.

É verdade que a explicação funcional nos permite compreender o fenómeno que deveríamos chamar de obtusidade política, que é o que se passa quando as nossas decisões são tomadas, não em função da verdade ou dos princípios, mas da necessidade de nos demarcarmos dos outros partidos.

A questão é saber se isso é ou não uma fatalidade do sistema de partidos. Infelizmente, não vimos ainda nenhuma prova do contrário.

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