Santa Maria degli Angeli (Assis)
"Eis por que a ideia de procurar o amor para ver o que é, para dar um pouco de animação a uma vida demasiado morna, etc., me parece perigosa e sobretudo pueril. Posso dizer-lhe que quando tinha a sua idade, e até mais tarde, e que me veio a tentação de procurar conhecer o amor, eu a afastei dizendo que valia mais para mim não arriscar comprometer toda a minha vida num sentido impossível de prever antes de ter atingido um grau de maturidade que me permitisse saber ao certo o que pedia em geral à vida, o que esperava dela. Não lhe dou isto como exemplo; cada vida desenrola-se segundo as suas próprias leis. Mas pode aí encontrar matéria para reflexão."
Carta a Simone Gilbert (Simone Weil)
A correspondente de Simone Weil teria então 17 anos e fora sua aluna no liceu do Puy.
Se cada vida segue a sua própria lei, o amor não se encontra, certamente, entre as coisas que dependem só do indivíduo. São as circunstâncias exteriores que confinam Simone a uma escolha entre procurar ou não o amor, conhecê-lo, dando à sua vida um novo curso irreversível ou esperar pela "maturidade". De qualquer modo, qualquer das escolhas teria um sentido impossível de prever.
O "destino" estava tão pouco nas suas mãos, que Simone se deixa surpreender pelo amor (sob uma das suas formas) em Santa Maria degli Angeli, e o problema de Deus, que antes, para ela, não tinha condições sequer para ser colocado deu lugar à fé.
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