Um amigo meu dizia que quando nos
batem, e não podemos retorquir, ao menos podemos dizer ai.
Eu tenho lido o que se diz sobre a
greve de amanhã e não vejo que a defendam de outro modo. Porque uns dizem que
não serve de nada, mas mostra que estamos vivos, outros que se espera criar com
ela uma dinâmica, como se o movimento pelo movimento fosse alguma saída, e até
já ouvi um dirigente sindical admitir, por outras palavras, que a greve nos
evitará uma explosão social, ao canalizar o descontentamento e a revolta, o que
me parece mais próximo da verdade do que a esperança numa dinâmica cega.
Porque todos sabemos que o problema
não é só do governo que temos, mas do leito de Procusta em que os credores e os
maus parceiros da União Europeia querem que nos deitemos. E de como chegamos a
este aperto é uma pergunta que, infelizmente, não devemos só dirigir aos
governos e aos predadores estrangeiros e nacionais, como os do BPN e do BPP.
Tem algo a ver connosco, mas, claro, não com os pobres dos pobres.
Tal como os países da UE que não sabem
fazer a união e deixam que mande o mais forte, assim ou pior estão as forças
sociais da Europa. Aquilo que poderia criar uma verdadeira dinâmica de mudança
no sentido da integração e duma verdadeira estratégia económica e social está
desarticulado e sem qualquer préstimo.
É por isso que a greve geral será
sobretudo força de expressão, que nos deixará frustrados e prontos para o que
vier a seguir, porque tudo ficou na mesma e vai ser preciso pagar ainda o país
parado.
Vamos, quero crer, soltar um grande ai
batendo em nós próprios, talvez com a remota esperança de que, como diz o secretário-geral
da CES, que a greve seja um sinal para a
Europa dos trabalhadores…
Mas ninguém disse que a política era
racional.
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