Coliseu de Roma |
“Quando o preço corrente era superior ao fixado
para o trigo do Estado, a perda sofrida por este ou a sua falta de ganho
recaíam sobre o Tesouro; ora, o Tesouro era alimentado principalmente pelos
tributos da província; é pois a expensas dos súbditos do Império que a lei
graquiana promete aos cidadãos que habitam Roma, a certeza de poderem sempre
comprar uma certa quantidade de pão barato.”
“Le pain et le cirque" (Paul
Veyne)
Veyne opina
que a lei de Caio Graco foi motivada pelo “espectáculo
da miséria em Roma e em Itália, não pela ideia abstracta de que os dividendos
não eram escrupulosamente repartidos”. O que temos diante dos olhos é
sempre mais eloquente do que qualquer discurso sobre a justiça.
Os privilégios
não estavam seguros numa cidade como Roma quando qualquer demagogo podia
arrastar multidões desocupadas.
“Nem distribuição, nem assistência: a lei
graquiana organizava a venda do trigo a preço fixado pelo Estado, a fim de
impedir a fome e a especulação.”
A Lei
Frumentaria (do Trigo) antecipou o nosso Estado social e, no fundo, pelas
mesmas razões. E, tal como hoje, levantaram-se vozes entre o patriciado (apesar
dos encargos correrem por conta do Tesouro e não atingirem a sua fortuna
pessoal) contra a lei de Graco por encorajar a ociosidade.
Mas a plebe
romana era volúvel e ameaçadora como o não são as massas modernas que podem ser
controladas através dos meios de comunicação. Essa plebe era tão “consequente”
que abandonou o seu tribuno quando este pretendeu alargar os direitos de
cidadania ao resto da Itália.
A visão de
Graco deixara de ser “ao rés da terra” e os pequenos privilégios da plebe
romana fizeram sentir todo o seu peso.
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