segunda-feira, 1 de novembro de 2010

IMAGENS DUM OUTRO PODER

Giorgio Agamben em vídeo-conferência



“Os animais interessam-se muito pelas imagens, mas na medida em que são vítimas delas. Pode mostrar-se a um peixe macho a imagem de uma fêmea e ele derramará o seu esperma, ou mostrar a um pássaro a imagem de outro pássaro para conseguir apanhá-lo, Mas quando o animal se dá conta de que se trata duma imagem, o seu interesse desvanece-se por completo. Ora, o homem é um animal que se interessa pelas imagens uma vez que as reconhece como tais. Eis por que se interessa pela pintura e vai ao cinema.”

(Giorgio Agamben em conferência sobre Guy Debord)


Os animais cedo se apercebem do que falta às imagens para se comportarem como um parceiro sexual. Nem é certo dizer que se apercebem, como se tivessem um modelo em mente que pudessem comparar. Simplesmente deixam de ser estimulados pela imagem depois dum primeiro engano. A “natureza” não os preparou para fazerem render o prazer desse estímulo para nada.

As imagens que tanto nos interessam dão-nos mais do que prazer, pois representam, antes de mais, o poder de que dispomos para nos dar prazer a nós mesmos, como e quando queremos.

O clássico que vejo no computador ou no aparelho de televisão já não é cinema, esse acto social que envolve o imaginário da minha adolescência. É exploração dum território, prazer do (micro-) poder.

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