Giorgio Agamben em vídeo-conferência |
“Os animais interessam-se muito pelas imagens, mas
na medida em que são vítimas delas. Pode mostrar-se a um peixe macho a imagem
de uma fêmea e ele derramará o seu esperma, ou mostrar a um pássaro a imagem de
outro pássaro para conseguir apanhá-lo, Mas quando o animal se dá conta de que
se trata duma imagem, o seu interesse desvanece-se por completo. Ora, o homem é
um animal que se interessa pelas imagens uma vez que as reconhece como tais.
Eis por que se interessa pela pintura e vai ao cinema.”
(Giorgio Agamben em conferência
sobre Guy Debord)
Os animais
cedo se apercebem do que falta às imagens para se comportarem como um parceiro
sexual. Nem é certo dizer que se apercebem, como se tivessem um modelo em mente
que pudessem comparar. Simplesmente deixam de ser estimulados pela imagem
depois dum primeiro engano. A “natureza” não os preparou para fazerem render o
prazer desse estímulo para nada.
As imagens que
tanto nos interessam dão-nos mais do que prazer, pois representam, antes de
mais, o poder de que dispomos para nos dar prazer a nós mesmos, como e quando
queremos.
O clássico que
vejo no computador ou no aparelho de televisão já não é cinema, esse acto
social que envolve o imaginário da minha adolescência. É exploração dum
território, prazer do (micro-) poder.
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