1900: o dealbar do telefone público |
“É
preciso sem dúvida reagir fortemente contra a ideia clássica do valor eminente
da autarkia, da suficiência de si para si
mesmo. O perfeito não é o que se basta a si próprio, ou, pelo menos, essa
perfeição é a dum sistema, não de um ser… Sob que condição a relação que liga
um ser àquilo de que tem necessidade pode apresentar um valor espiritual?
Parece que aí deve existir uma reciprocidade, um despertar. Só uma relação de
ser a ser se pode dizer espiritual… O que conta, é o comércio espiritual entre
seres e trata-se aqui não de respeito, mas de amor.”
“Journal
Métaphysique” (Gabriel Marcel, citado por Emmanuel Levinas in “Entre Nous”)
Já Spinoza dizia que
cada ser tem a sua perfeição que não é a perfeição de outro. Como poderia a
auto-suficiência aproximar-se disso, quando na própria linguagem e no
pensamento, que é tudo menos “autárquico”, temos flagrantes exemplos de que
precisamos dos outros seres? Não apenas dos “outros”, nem a relação espiritual
pode ser apenas com o humano, porque antes de homens já somos mais do que “pó
das estrelas”.
Podemos, de facto,
imaginar um sistema social perfeito na base do respeito mútuo. Mas essa não
seria uma sociedade humana. Todas as saídas para a verdade estariam tapadas
pelo betão ideológico. Essa sociedade poderia até ter a sua “conquista do
espaço” e a sua teoria do “começo do mundo”, para glória da civilização e para resposta
às questões mais óbvias.
Mas o acesso às
fontes seria o segredo mais bem guardado.
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