“À
partida perdido é o homem que não segue os seus sonhos.”
“L’homme à la vie
inexplicable” (Henri Gougaud)
Não é a vontade nem a
razão que podem dar conta dos sonhos, porque eles são uma coisa íntima, sem ser
pessoal. Por isso, os sonhos que se podem tomar naquele sentido não são
inteiramente nossos, ou são tão nossos como aquilo que só devemos à natureza.
Longe de serem apenas
o eco do mundo, através da membrana do nosso corpo, que é o estado da pitonisa,
vibrando com o que lhe chega do mundo e interpretando-o como os primeiros
poetas, são também o que mobiliza o nosso desejo e o que vence o mundo.
Os Antigos procuravam
conhecer o futuro nos enigmas do sonho que não é todo o sonho. Depois da doença
infantil da psicanálise, ainda nos podemos assustar com as interpretações, como
quem leva a sério uma maldição. O problema é que cremos todos um pouco. Mas
essa é a força que nos impede de nos perdermos quando seguimos os nossos
sonhos, aqueles que já não interpretamos, mas julgamos ser.
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