Claude Lévy-Strauss |
“Nenhuma comunidade nativa sobrevive intacta à
visita do antropólogo – por muito hábil, discreto e diplomático que seja. A
obsessão ocidental com o inquérito, a análise, a classificação de todas as
formas vivas, é em si uma forma de subjugação, de domínio psicológico e
técnico. Fatalmente, o pensamento analítico adulterará ou destruirá a
vitalidade do seu objecto.”
“Nostalgia do Absoluto” (George Steiner)
A própria
ideia de humanidade traz o antropólogo no bojo. A “globalização” não é apenas
um fenómeno económico e político, e foi preparado de há muito pelas religiões
militantes e pelas ciências humanas.
Teria sido simplesmente
inconcebível que tivéssemos respeitado integralmente o santuário das outras
culturas. Por razões de segurança até, precisaríamos de conhecê-lo. De facto,
tudo isto tem a ver com o poder.
Mas a
vulnerabilidade das culturas ao olhar do Outro explica as reacções imunitárias,
por vezes violentas, que podem ir até à negação da realidade.
O que se passa
com a China moderna é a ilustração disso mesmo. A abertura do regime está sujeita
ao princípio do travão/acelerador contra a sua “ocidentalização”.
Se tivermos em
conta que a actual ideologia é já uma importação, podemos facilmente prever quem
vai mudar mais nas próximas décadas e em que sentido.
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